Amor eterno, louco amor

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"Eu te amo porque te amo
amor é estado de graça
e com amor não se paga
(...) bastante ou demais a mim
porque amor não se troca,
não se conjuga nem se ama
porque amor é amor a nada,
feliz e forte em si mesmo"

(As sem-razões do amor - Carlos Drummond de Andrade)


mesmo que meus olhos não contemplem o sol
que minha fala silencie
que não me lembre de meu nome
que meus pés cansados não consigam seguir em frente
meus braços não sejam firmes
e não esteja tão "bobo" quanto agora

mesmo que o tempo seja cruel
a vida não seja tão florida
os anos passem rasteiros
e não sejamos tão jovens e belos como hoje

te amarei
cada dia
com mais intensidade
com mais brilho
com mais amor
sempre
eternamente

Estêvão Cruz, 30/11/9

saudade

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a saudade é um prato amargo
desconfortável
desconfortante

um aperto no peito
um nó cego na garganta
a vontade de gritar
o grito seco e abafado da tristeza
por ver partir pessoas amadas

a dor da perda que não tem volta
a dor da saudade dos que partem para longe
o vazio no peito e na alma

a lembrança permanece
o carinho se intensifica
a espera aumenta
e o desejo do reencontro
inflama o peito machucado
pela dor da saudade

Estêvão Cruz, 13/10/9

Profusão

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um misto de loucura e sanidade

provisão de sentidos embriagados

torpor racional

o corpo sente o que não se pode sentir

os olhos vêem o invisível

cor de ocre, cor de sangue

a acidez do mais doce mel

favos de fel

o corte aberto da ferida cicatrizada

tudo ao revés

a desdita não dita

aridez de sentidos

a veemência velada

finalmente o começo

de um sonho efuso

esfumaçado


Estêvão Cruz, 26-8-9

Amizade

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se não pulo em frente a seu carro

se não corro ao seu encontro

se não velo seu sono

se não cumpro com uma agenda de visitas frequentes

se não rio de suas piadas

se não ouço suas músicas

se não consolo seu choro

se não fico sempre ao seu lado

não é sinal de que não me importe

que não quero estar junto a você


se apesar de tudo isso

pense sempre em você

se me preocupo por sua solidão

por seus amores mal resolvidos

suas crises existenciais

se ouço seus pedidos de atenção

se deixo que viva seu amor

é sinal que

apesar da distância

gosto de você

e mesmo distante

olho para você

não com mesma frequência

mas, de minha maneira


Estêvão Cruz, 20-8-9

Amálgama

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"Trick-or-treat!"

momentos de euforia
felicidade efusiva
fantasmas do passado
batem na porta da frente
confundem o prisma
modificam o foco
trazem insegurança

"doce ou travessura"?!
qual o resultado de tudo isso
tudo é fruto de devaneios
ou existe algo enigmático
escondido nas entrelinhas
da dúvida?

Estêvão Cruz, 5/8/9

* imagem retirada de http://www.chromasia.com/images/trick_or_treat_b.jpg

Chuva

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chuva, chuva
clara chuva
carregue certeira
coisas corriqueiras
causos complicados
cegueiras crônicas
cortes
compulsões
colisões catastróficas
chuva, chuva
conduza
calmamente
cada "cadim"
cada cachorrada
compulsiva
complacente
comum
completamente


Estêvão Cruz, 31/7/9

Ah!... aliterações...

Furacão

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morde e assopra
insiste e desconversa
disse coisas que mudaram o foco...
meu foco
tirou meu sossego
meu sono
meu tino
despertou o gigante adormecido

o desconhecido se projeta em meu caminho
obstáculos surgem
até que ponto posso confiar
em mim
no que imagino
no que sei
no que ouvi?

duelo de falas
corpos
tudo é sensorial
tudo é envolvente

qual será o próximo passo
nesse tango tresloucado
que tento dançar?


Estêvão Cruz, 24/7/9

Enfado

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a casa de loucos sem precedentes
se instaurou no meio da vida
não se sabe quando chegou
nem ao menos quando ruirá
tudo o que se vê
é o vazio
instaurando regras
ditando leis
revelando o inefável
do não saber
o que fazer
tudo o que se sabe
é que nada se sabe

e assim vive a vida
em seu cortejo funebre
em suas ladainhas de cortes e cores
eu seus rosários de descontentamentos
com seus cantos lamentos de solidão e desconforto

o fim é incerto
o meio duvidoso
o início...
esse se perdeu no tempo
junto com a razão e o bom senso
e a loucura reinou
incólume
fez do castelo de cartas
sua pirâmide imaginária
hoje, cansada
não mais governa
abandonou o reino
nas mãos da monotonia
e essa leva a vida
rumo ao precipício
do tédio

Estêvão Cruz, 10/7/9

...

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Meu tempo está tão corrido que nem consigo parar para escrever nada.

Divido meu tempo entre trabalho, leituras e ensaios. Confesso que montar repertório está um pouco complicado... são tantas opções e a incerteza de que o trabalho ficará bom!

Bom, logo logo o louco tem um de seus "surtos" criativos... ouve as vozes! rs e posta alguma coisa por aqui.

Rumo...?!

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meu peito arde
um ardor que não cessa
um grito preso em minha garganta
desconforto
desassossego

não sei por onde começar
como uma pessoa pode ser tão distante?
tão fria?
tão calculista?

nenhum sorriso
nenhuma emoção
nem mesmo desconforto

meu ser grita
busca incessantemente pela totalidade
uma fúria alucinante
por um amor
intenso
inteiro
efusivo

não entendo o motivo
de tudo ser tão complicado...
será meu ascendente em peixes
que faz com que viva no mundo da lua?
ou seria efeito de minha lua em virgem
que me toma pelo perfeccionismo?
não creio em nada disso...
mas, não sou tão cético assim...

alguma coisa errada eu sei que tenho...

bloqueio de sentimentos
tentativas frustradas de relacionamentos
o doce e amargo sabor da solidão

meu ser não aguenta mais
não quer saber de doses homeopáticas de amor
quer senti-lo em profusão
quer estar totalmente entregue
submerso
a esse sentimento
não que nunca tenha vivido um amor
só não intenso...
daqueles que me faça perder o chão
o tino
o rumo
e me sinta
realizado

Estêvão Cruz, 16/6/9.

Válvula de escape? Não!

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"cada cabeça uma sentença"
não sou responsável pelo rumo de sua vida
não cabe a mim escolher o que se passa em sua cabeça
não posso obedecer prontamente a seu sonhos e desejos

tenho minhas opiniões [e elas são fortes]
tenho meus sentimentos [que muitas vezes me enlouquecem]
sou humano
totalmente passível de erros
minha "cabeça é meu guia"
penso, penso, penso tanto...
para não magoar as pessoas

não cabe a mim a responsabilidade
por suas escolhas
baseadas numa ilusão sem estruturas
num achismo infundado
num devaneio particular

a tristeza me abate
um desconforto
arrependimento...?!
fui eu o responsável
ou já era seu desejo interno?

tudo é relativo
paradoxos
paradigmas
elipses
zeugmas
procrastinação

continuo na vida
permaneço nela
vivo
e me responsabilizo
pelo que penso e digo
pelo que acho e afirmo
por meus próprios atos
e de mais ninguém


Estêvão Cruz, 29/4/9

Escudo

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por baixo dos meus fones de ouvido
escuto o mundo mudo
sons embalam meus caminhos
mergulho em um universo sonoro
que permite que viaje
em meus pensamentos
momentos
euforias
dramas
meu escudo auditivo
minha fuga momentânea
meus minutos de solidão

Estêvão Cruz, 10/2/9

Tempo

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o que é o tempo
se a lembrança está imortalizada
na memória e no coração?
tudo é passageiro
fullgás
o fluxo segue
leva tudo
só o eterno sobrevive
só a iminência da vida
permanece
incólume
intocada
celestial
perfazendo trilhas
tramas de fios interligados
cama-de-gato do destino
quebra-cabeças do ser
vida que vive vivida

Estêvão Cruz, 5/2/9

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Ciclo

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mais um ano
mais um ciclo que se finda
mais um ciclo recomeça
coisas boas
coisas não tão boas assim
reinícios
fins
meios
paralelos
só posso agradecer
só posso desejar o melhor
8h20min...
nasci mais um ano
365 dias pela frente
espero dias melhores
dias de paz
repletos de felicidade
vou seguindo na corrente
sempre em frente
cantando pra não dançar
perseguindo meus sonhos
e, como vinho,
sou uma pessoa melhor
a cada dia
a cada novo ano de vida

Estêvão Cruz, 10/1/9